segunda-feira, 8 de agosto de 2022

 

REDES SOCIAIS OU CILADA

Sandra Freire

“É muito mais difícil matar um fantasma do que matar uma realidade”

                                                                                                        Virgínia Woolf

Conhecer alguém na rede. Começar uma amizade. Cair para o lado sentimental, sem nenhuma dose de realidade, só fotos, que vão direto ao imaginário. E, no imaginário é montada a alegoria – tudo que se empresta àquela foto nos agrada. Mensagens trocadas; músicas e vídeos compartilhados. A aura de romantismo é envolvente; aquele argumento passa a compartilhar nossas vidas e acaba soando como um compromisso assumido.

Nada mais incoerente.

Durante o processo não nos damos conta da cilada que representa essa mise en scene.

Afeiçoar-se a alguém impossibilita outras afeições. Emprestar qualidades a esse alguém faz com que se estabeleçam comparações com outro alguém. É o imaginário contra o real. Luta desigual.

A ubiquidade é negada aos humanos, portanto... Se estamos cá fisicamente e lá, sentimentalmente, onde nos sentimos afinal?

 Ah, Virgínia Wolf “A vida é como um sonho é o despertar que nos mata”.

 Mas queremos despertar.

Nenhum comentário: