domingo, 14 de agosto de 2022

WRONG WAY

 

WRONG WAY

Caminho errado não conduz ao lugar certo.

Sandra Freire

A REDE QUE NOS PROTEGE

 Nesse mundo virtual, o que mais nos atrai é a fotogenia. Depois, vem a parte intelectual. Afinidades também são importantes, mas surgem no decorrer de o conhecimento. Com o passar de o tempo, por mais interessante que possa ser o processo de conhecimento, novas expectativas se configuram – é preciso passar do virtual ao real.

O virtual é o mundo da imaginação. O pensamento é livre. O perigo é permitir que o imaginário alcance proporções incompatíveis com o real. Será que alguém já foi sensato o suficiente para esperar menos e poder se surpreender com “mais”? Fica a dúvida.

A questão é que não dá pra ficar eternamente no virtual. Uma curtida não substitui o calor de um abraço, o prazer de uma companhia, uma pegada na mão...

Sentar na areia e pensar em alguém é bem poético. Estar com esse alguém, é mágico. Somando tudo, a carência afetiva ganha todas.

É muito bom entrar no mundo de os sonhos. Melhor ainda é estar só, sem sentir-se só. Nessa brincadeira de estar, sem efetivamente estar, o tempo vai passando agradavelmente à espera do pé que caiba no sapato de cristal.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

 

REDES SOCIAIS OU CILADA

Sandra Freire

“É muito mais difícil matar um fantasma do que matar uma realidade”

                                                                                                        Virgínia Woolf

Conhecer alguém na rede. Começar uma amizade. Cair para o lado sentimental, sem nenhuma dose de realidade, só fotos, que vão direto ao imaginário. E, no imaginário é montada a alegoria – tudo que se empresta àquela foto nos agrada. Mensagens trocadas; músicas e vídeos compartilhados. A aura de romantismo é envolvente; aquele argumento passa a compartilhar nossas vidas e acaba soando como um compromisso assumido.

Nada mais incoerente.

Durante o processo não nos damos conta da cilada que representa essa mise en scene.

Afeiçoar-se a alguém impossibilita outras afeições. Emprestar qualidades a esse alguém faz com que se estabeleçam comparações com outro alguém. É o imaginário contra o real. Luta desigual.

A ubiquidade é negada aos humanos, portanto... Se estamos cá fisicamente e lá, sentimentalmente, onde nos sentimos afinal?

 Ah, Virgínia Wolf “A vida é como um sonho é o despertar que nos mata”.

 Mas queremos despertar.

A ÚLTIMA PEÇA

 

A ÚLTIMA PEÇA

Sandra Freire

 

Se fossemos um quebra-cabeça nossa montagem se daria ao longo de nossas vidas.  As primeiras peças começariam a se encaixar logo após o nascimento. Talvez a primeira fosse o choro, preconizando a dor que nos acompanharia até o final.

Mais do que apenas dor, o choro também traduz ansiedade, descontentamento, raiva, frustração, tristeza, felicidade - e sabe-se lá o quê mais.

As demais peças vão se acomodando ao longo de o tempo. É como se ao lado de cada peça tivesse um espaço para seu complemento. A eterna busca, para preencher os espaços vazios, acontece sem que nos apercebamos disso – são as exigências, as ilusões que acalentamos conscientemente, os sonhos, as esperanças e por aí vai...

O tempo ameniza a dor das ausências; a memória suaviza lembranças dolorosas.