quinta-feira, 4 de agosto de 2016

INCERTEZA

Publicado no JG Jornal de Gramado em 02/08/2016
“A incerteza dos acontecimentos, sempre mais difícil de suportar do que o próprio acontecimento.” Jean Massillon
Sandra Freire
Homens e mulheres são seres naturalmente visuais. Esse estímulo os domina de forma absoluta. Na nossa sociedade, isso é tolerado nos homens por ser considerado cultural. Mulheres também reagem a estímulos semelhantes. Influências externas no comportamento individual. Hedonismo? Haverá futuro muito adiante?
Pode não ser cultural, mas é real. Um belo homem também atrai olhares femininos. Disfarçados quando ela está acompanhada e nem tanto, quando sozinha.

Consumidoras de sites pornográficos, livros, filmes – Os Cinquenta Tons (...), teve um público maior de leitoras mulheres e que foram ao cinema – e outros meios.
 Uma pesquisa recente, feita nos Estados Unidos, surpreendeu ao apurar que 40% das entrevistadas declararam essa prática, antes só confessada por uma parcela do público masculino.

Astros de cinema e futebol, cantores, artistas de TV, colegas de trabalho, amigos de maridos e namorados, entre outros, habitam frequentemente o imaginário inconfessado de muitas mulheres.

No mundo atual – mundo líquido, segundo o sociólogo Bauman -, relacionamentos assumem uma velocidade inimaginável, entre início e fim.  É compreensível a dificuldade de adaptação para gerações que viveram fases definidas como paquera – prática em desuso -, namoro – atual “ficar”-, noivado (?) – essa já extinta- e casamento.


Assim como a adolescência, que ultimamente parece interminável para alguns – com a benesse dos pais -, o envelhecimento se afasta cada vez mais de ambos os gêneros. Com o advento de auxílios químicos para os homens e recursos médicos e cosméticos para as mulheres, fala-se até em alterar a atual nomenclatura de idoso - a partir de 60 anos -, para uma década adiante.

Após entrevistas com pessoas entre 24 e 69 anos, ficou claro um ambaralhamento nas atitudes e anseios dos jovens e daqueles que já deveriam saber o que desejam da vida. Que os jovens vivam esse momento líquido, de amores rápidos e descompromissados, antes chamados flerte, nada contra. Mas, que o atual idoso tente reciclar o flerte e entrar nesse mundo...

Inegável é que comportamentos se alterem de acordo com o momento político, econômico e social que afetam diretamente a vida da população. A lembrar o Modernismo que sucedeu a Primeira Guerra, que acalentou uma geração que passou a viver cada dia como se fosse o último – o quê realmente poderia ser.
Há de se pensar que passar toda uma vida esperando que não haja amanhã, é o melhor mecanismo para a negação de um futuro e desconstrução do passado.

Nesse atual mundo líquido, o desejo de não se ligar afetivamente a ninguém, a troca frenética de parceiros – exercida por homens e mulheres -, não estaria diretamente ligada à insegurança gerada pelo esfacelamento das instituições governamentais, financeiras, sociais e familiares?