Publicado no JG Jornal de Gramado em 02/08/2016
“A
incerteza dos acontecimentos, sempre mais difícil de suportar do que o próprio
acontecimento.” Jean Massillon
Sandra Freire
Homens e mulheres são seres naturalmente visuais. Esse
estímulo os domina de forma absoluta. Na nossa sociedade, isso é tolerado nos
homens por ser considerado cultural. Mulheres também reagem a estímulos
semelhantes. Influências externas no comportamento individual. Hedonismo?
Haverá futuro muito adiante?
Pode não ser cultural, mas é real. Um belo homem também atrai
olhares femininos. Disfarçados quando ela está acompanhada e nem tanto, quando
sozinha.
Consumidoras de sites pornográficos, livros, filmes – Os Cinquenta
Tons (...), teve um público maior de leitoras mulheres e que foram ao cinema –
e outros meios.
Uma pesquisa recente,
feita nos Estados Unidos, surpreendeu ao apurar que 40% das entrevistadas
declararam essa prática, antes só confessada por uma parcela do público
masculino.
Astros de cinema e futebol, cantores, artistas de TV, colegas
de trabalho, amigos de maridos e namorados, entre outros, habitam
frequentemente o imaginário inconfessado de muitas mulheres.
No mundo atual – mundo líquido, segundo o sociólogo Bauman -,
relacionamentos assumem uma velocidade inimaginável, entre início e fim. É compreensível a dificuldade de adaptação para
gerações que viveram fases definidas como paquera – prática em desuso -, namoro
– atual “ficar”-, noivado (?) – essa já extinta- e casamento.
Assim como a adolescência, que ultimamente parece
interminável para alguns – com a benesse dos pais -, o envelhecimento se afasta
cada vez mais de ambos os gêneros. Com o advento de auxílios químicos para os
homens e recursos médicos e cosméticos para as mulheres, fala-se até em alterar
a atual nomenclatura de idoso - a partir de 60 anos -, para uma década adiante.
Após entrevistas com pessoas entre 24 e 69 anos, ficou claro
um ambaralhamento nas atitudes e anseios dos jovens e daqueles que já deveriam
saber o que desejam da vida. Que os jovens vivam esse momento líquido, de amores
rápidos e descompromissados, antes chamados
flerte, nada contra. Mas, que o atual idoso tente reciclar o flerte e
entrar nesse mundo...
Inegável é que comportamentos se alterem de acordo com o
momento político, econômico e social que afetam diretamente a vida da
população. A lembrar o Modernismo que sucedeu a Primeira Guerra, que acalentou
uma geração que passou a viver cada dia como se fosse o último – o quê
realmente poderia ser.
Há de se pensar que passar toda uma vida esperando que não
haja amanhã, é o melhor mecanismo para a negação de um futuro e desconstrução
do passado.
Nesse atual mundo líquido, o desejo de não se ligar
afetivamente a ninguém, a troca frenética de parceiros – exercida por homens e
mulheres -, não estaria diretamente ligada à insegurança gerada pelo
esfacelamento das instituições governamentais, financeiras, sociais e
familiares?