(Publicado no
JG, Jornal de Gramado, em 14/05/2015)
“O homem não morre quando deixa de
viver, mas sim quando deixa de amar.”
Charlie Chaplin
Por Sandra Freire
Por Sandra Freire
Mais uma vez, volta à baila esse tema. Desde Sartre e Simone,
várias investidas para fazer valer essa teoria, têm sido feitas por casais
mundo afora. A ideia, sedutora sem dúvida, tem como principal objetivo, domar o
monstro ameaçador de uniões que adotam um modelo tradicional, tipo “Felizes
para sempre”. Ilusório ou não, pessoas em variadas fases da vida estão se
lançando nessa nova experiência. Mas, cuidado. Os exemplos famosos não foram
tão felizes, fora que, apesar de artistas e intelectuais, deixaram expostas
suas raízes mundanas.
Amores Modernos, recentemente lançado, o livro de Daniel Bullen volta a mexer em vespeiro.
Não podemos nos iludir e pensar que o comportamento libertino adotado por
alguns casais de um círculo tão fechado quanto o de intelectuais, seria aceito
sem reservas na nossa sociedade.
O modelo casamento indissolúvel, de vez em quando é ameaçado
por tentativas de alterações dos seus dogmas. Algumas inserções são feitas e
“aceitas” sem problemas. O futebol semanal, o chopp com os amigos e as reuniões fora do horário comercial, já
fazem parte do cardápio de alguns. São conquistas tão fortemente incorporadas à
convivência de um casal, quanto a dor de cabeça das mulheres.
Há de se considerar que em tempos de crise, a tendência é
mais para manter a união, do que para a dissolução, mesmo que esse ponto não
seja exatamente a questão de um determinado par.
Portanto, a moda do casamento aberto, por pouco que seja,
pode trazer um refrigério à cela que se fechou com a feliz união e ameaça
sufocar os que lá estão. Mais liberdade para as borboletas. Dias de saída
combinadíssimos. Tudo em nome da harmonia em torno da família constituída.
Talvez essa seja uma solução mais honesta até para que
reflexões sobre a vida a dois possam substituir a inútil e mofada “Discutir a
relação”.
Na infância, somos monitorados por tempo integral. Na
adolescência, ansiamos por ter mais liberdade, o que leva o adolescente a
curtir menos essa fase e desejar alcançar logo a idade adulta. Na fase adulta,
nos “amarramos” a outra pessoa. Ou seja, desejamos ter liberdade e quando a alcançamos,
tornamos a abrir mão dela- muitas vezes sem convicção.
A aceitação de regras
impostas a uma feliz união embota o bom senso dos pares. Os dois passam a ter
certeza de que são indispensáveis para a sobrevivência emocional do outro. O
filme “Vida de Casado” aborda a questão com muita sensibilidade.
Melhor seria convidar o bom senso ao debate. O fato de termos
representado muito para alguém, não acarreta um compromisso vitalício. Quando
isso é encarado com honestidade, surge a oportunidade para que os dois
encontrem um novo caminho.