Sandra Freire
A
maturidade é sábia. Pena que se apresente tão tarde em nossa vida. Como se
diz, experiência, só o tempo dá. Maior prova disso é que quando jovens, sabemos
que sabemos tudo. Quando velhos, sabemos que sabemos tão pouco. O tempo, então,
nos parece escasso. Vem a pressa. Pressa de aproveitar mais, ler mais, aprender
mais. Reviver mais.
Vem
também a saudade. Saudade dos que se foram fisicamente. Saudade dos que
passaram por nossa vida e deixaram boas lembranças.
Ah, as lembranças! Guardar lembranças é como
guardar objetos. Só os importantes merecem ser guardados.
Lembranças
são fotos tiradas pela mente. Não dependem de nada para serem vistas.
Revelam-se a qualquer hora, em qualquer lugar. Por vezes, sem aviso.
Uma
bebida qualquer, num cantinho tranquilo, com música de fundo, bem baixinho e
lembranças... Aí, só depende de nós. Deixar-nos levar ao paraíso. Lá estão todas
as pessoas das quais gostamos. Lá estão todos os belos momentos vividos. Lá
estão os mais lindos lugares onde estivemos ou gostaríamos de ter estado. Lá
estão nossas mais caras fantasias. Lá, podemos tudo. Podemos ser jovens,
maduros, belos, amados, felizes.
O
melhor, saber que ainda temos meios de visitar o paraíso.
Reencontrar
velhos amigos, rever filmes que trouxeram encantamento a nossa geração, ouvir
músicas que nos fazem sonhar acordados.
Ver
fotos já amarelecidas por um tempo que passou, mas quando revistas adquirem
brilho e frescor, abrindo um caminho que nos conduz ao encantamento de momentos
felizes ali registrados.
E,
o mais importante, podemos perder tudo, menos nosso paraíso interior. Nisso,
ninguém pode interferir.
Com
o resto, basta conviver.