domingo, 26 de outubro de 2014

CONVIVA

              

                                                              
Sandra Freire
A maturidade é sábia. Pena que se apresente tão tarde em nossa vida. Como se diz, experiência, só o tempo dá. Maior prova disso é que quando jovens, sabemos que sabemos tudo. Quando velhos, sabemos que sabemos tão pouco. O tempo, então, nos parece escasso. Vem a pressa. Pressa de aproveitar mais, ler mais, aprender mais. Reviver mais.


Vem também a saudade. Saudade dos que se foram fisicamente. Saudade dos que passaram por nossa vida e deixaram boas lembranças.
 Ah, as lembranças! Guardar lembranças é como guardar objetos. Só os importantes merecem ser guardados.
Lembranças são fotos tiradas pela mente. Não dependem de nada para serem vistas. Revelam-se a qualquer hora, em qualquer lugar. Por vezes, sem aviso.

Uma bebida qualquer, num cantinho tranquilo, com música de fundo, bem baixinho e lembranças... Aí, só depende de nós. Deixar-nos levar ao paraíso. Lá estão todas as pessoas das quais gostamos. Lá estão todos os belos momentos vividos. Lá estão os mais lindos lugares onde estivemos ou gostaríamos de ter estado. Lá estão nossas mais caras fantasias. Lá, podemos tudo. Podemos ser jovens, maduros, belos, amados, felizes.

O melhor, saber que ainda temos meios de visitar o paraíso. 

Reencontrar velhos amigos, rever filmes que trouxeram encantamento a nossa geração, ouvir músicas que nos fazem sonhar acordados.
Ver fotos já amarelecidas por um tempo que passou, mas quando revistas adquirem brilho e frescor, abrindo um caminho que nos conduz ao encantamento de momentos felizes ali registrados.
E, o mais importante, podemos perder tudo, menos nosso paraíso interior. Nisso, ninguém pode interferir.
Com o resto, basta conviver.