Publicado no JG Jornal de Gramado em 12/01/2016
“A vida é breve. Mas cabe nela
muito mais do que somos capazes de viver."
Jose Saramago
Sandra
Freire
Ano que vai. Ano que
vem. Desejos irrealizados. Sonhos futuros. Promessas não cumpridas, mas
renovadas. Hora de repensar o que foi alcançado. O que não tem sido. Desejar
até o improvável, nunca o impossível. Entre o querer e o poder, a distância
pode ser muito grande. Buscar ou esperar. O sonho pode se tornar realidade se
os ingredientes utilizados forem reais. Não delegar a outrem a responsabilidade
de suas realizações.
O ano que se vai leva consigo alegrias, tristezas, perdas,
ganhos e vidas. Vidas bem vividas. Vidas
desperdiçadas. Tempo que se foi para sempre. O tempo não se renova, apenas
passa. Não virá um novo tempo, tão somente mais tempo. Certeza de que ainda há
tempo.
O ano que termina sempre deixa muito por acabar. Muito por
iniciar. O ano que começa promete mais do que pode realizar. A promessa não tem
limites. Conta com o tempo para se eternizar. A inércia é a droga que vicia. O
prazer é perverso. A felicidade é efêmera. O necessário para a cura causa
perdas irreparáveis.
Resgate é o que se prometem todos. Desta vez, tudo será
diferente. Talvez seja desde que se contribua para isso. Sonhos podem se
transformar em realidade, se o árduo caminho até ele for percorrido, apesar dos
empecilhos. Se preciso sangrar os pés, calejar as mãos, fazer arder os olhos, fechar
o coração, mas perseverar. O que cai do céu é chuva.
Com o passar do tempo, é preciso adaptar o sonho à realidade.
Crianças, adolescentes, adultos e velhos têm sonhos diferentes. Sonhar o
possível dentro de sua faixa é sensatez. Sonhar fora é querer continuar
sonhando.
Olhar-se sem reservas, avaliar suas reais possibilidades.
Pôr-se nu, sem pejo. Tentar. Não temer errar, sofrer, perder. Aqueles que se
foram levaram seus sonhos, desejos, promessas, esperanças e o tempo que pensavam
que lhes restava. Aonde foram os sonhos dos que não estão mais aqui? Ainda
estarão por aí?
Sonhos são imagens construídas e visualizadas pelos que as
concebem. Projetar o futuro é sonhar. Se preparar para uma nova vida, é sonhar
com os pés no chão. Desejar entrar no sonho é insensatez. O espaço está repleto
de imagens que representam os sonhos de cada um. Sonhos, por vezes, se chocam,
se complementam sem se misturar, ou se repelem. Para viver o que foi
idealizado, só através de um trabalho solitário.
Há sonhos que vagam e vão perdendo a nitidez, deixando a
sensação dolorida de saudade do que nunca existiu - e dói bastante, segundo Drummond.
Outros se apagam ao colidirem com obstáculos.
Obstáculos não faltam nessa caminhada. Prejuízos também. O preço,
sempre alto demais. É preciso critério com o que se quer. O sonho, por estar
acima da realidade, só pode ser alcançado superando degraus feitos de abnegação,
sentimentos, pureza e doação.
Abaixo, pessoas que
ficam pelo caminho.
Sonho e felicidade, água e óleo?