A comunicação está também ao nosso desserviço. Enquanto a tecnologia cresce, o ser humano encolhe. Tudo é descartável. Lembranças vão sendo gradativamente eliminadas em limpezas de armários; fotos, mensagens e outras preciosidades se perdem em computadores danificados .É a memória dele. E a nossa?
A primeira foto, no início do século XIX, ainda existe. Há 190 anos. De milhares que você tem tirado desde que o fotografar/deletar, disponível há menos de 20 anos nos celulares, quantas ainda estão guardadas? Já foi feita uma seleção? Quantos sentam ao computador para curtir momentos registrados virtualmente? Se a fotografia tivesse nascido digital, o que teria sido feito das lembranças de uma época em que só existiam pinturas, esculturas e desenhos como registro visual?
Estamos deixando de nos mover. O controle remoto nos mantém na cadeira. Até latas de lixo são abertas através de células fotoelétricas. Aparelhos desligam pelo do timer. Carros já há muito são controlados eletronicamente. Comandos são mais importantes que chaves.
Apagão
Celulares programam com eficiência os nossos compromissos. E avisam. A memória não é mais requisitada para tarefas simples como registrar um número de telefone. Basta abrir um aplicativo que está tudo lá. Numa fração de segundo o Google fornece milhares de informações sobre o assunto pesquisado. Livros são “baixados” em aparelhos levíssimos. Dicionários são visualizados em um clique. Tudo pode ser esquecido em casa, menos eles, os eletrônicos.
As mesmas mãos que antes se acariciavam e entrelaçavam nas do parceiro, agora estão sempre ocupadas “neles”. Diálogos são substituídos por elementos de comunicação cada vez mais rápidos. Copiar e colar. Vc, Tb, Tc, Rs, KKKK, substituem a norma culta. O importante é saber ler. Escrever, não.
A comunicação ficou mais rápida e eficiente
Já não é mais necessário saber ortografia. É só colocar as primeiras letras e o resto da palavra aparece. Como? É preciso lembrar que “alguém” a pôs lá. Como será no futuro quando esses “alguéns” forem morrendo? É assustador imaginar que a ortografia ficará nas mãos daqueles que esperam que as palavras sejam completadas eletronicamente.