segunda-feira, 8 de agosto de 2022

A ÚLTIMA PEÇA

 

A ÚLTIMA PEÇA

Sandra Freire

 

Se fossemos um quebra-cabeça nossa montagem se daria ao longo de nossas vidas.  As primeiras peças começariam a se encaixar logo após o nascimento. Talvez a primeira fosse o choro, preconizando a dor que nos acompanharia até o final.

Mais do que apenas dor, o choro também traduz ansiedade, descontentamento, raiva, frustração, tristeza, felicidade - e sabe-se lá o quê mais.

As demais peças vão se acomodando ao longo de o tempo. É como se ao lado de cada peça tivesse um espaço para seu complemento. A eterna busca, para preencher os espaços vazios, acontece sem que nos apercebamos disso – são as exigências, as ilusões que acalentamos conscientemente, os sonhos, as esperanças e por aí vai...

O tempo ameniza a dor das ausências; a memória suaviza lembranças dolorosas.

 

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