A
ÚLTIMA PEÇA
Sandra Freire
Se
fossemos um quebra-cabeça nossa montagem se daria ao longo de nossas vidas. As primeiras peças começariam a se encaixar logo
após o nascimento. Talvez a primeira fosse o choro, preconizando a dor que nos
acompanharia até o final.
Mais
do que apenas dor, o choro também traduz ansiedade, descontentamento, raiva, frustração,
tristeza, felicidade - e sabe-se lá o quê mais.
As
demais peças vão se acomodando ao longo de o tempo. É como se ao lado de cada
peça tivesse um espaço para seu complemento. A eterna busca, para preencher os
espaços vazios, acontece sem que nos apercebamos disso – são as exigências, as
ilusões que acalentamos conscientemente, os sonhos, as esperanças e por aí
vai...
O
tempo ameniza a dor das ausências; a memória suaviza lembranças dolorosas.
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