“Nós temos sonhos; não é talvez toda a vida um
sonho? Mais precisamente: existe um critério seguro para distinguir sonho e
realidade, fantasmas e objetos reais?” .
Schopenhauer .
Schopenhauer .
S. Freire
Embora acordado, com o que não se sustenta nem
mesmo nos contos de fadas. Em ver no espelho uma imagem que te agrade, mesmo
que não reflita a realidade. Em ver só
beleza num dia de chuva. Em conviver com o quê e quem te faz feliz. E,
transforme em sonho mau a realidade, por vezes tão absurdamente chocante, que
anestesia os sentidos para a sua aceitação.
A vida, por não ser programada, é incoerente.
A fantasia, não. Um dia de chuva pode remeter a momentos inesquecíveis
guardados no baú da memória. Um dia frio pode ser o melhor amigo para
compartilhar uma xícara de algo quente, assistindo a um belo filme.
Torna-te uma ótima
companhia para ti mesmo. Faça concessões.
Ninguém é perfeito, nem tu. Deixa o passado aonde estiver, ele não vai
mudar. Não vás ao futuro, não és adivinho. Sobretudo não permitas que o
presente passe sem que estejas lá. Não sejas tão severo contigo. Lembra que há
coisas que para uns não têm valor e para outros, são preciosas. Pessoas também.
Todo conto de fadas
termina em “E foram felizes para sempre”. O “Sempre” nunca é mostrado. Quando
existe, é na imaginação de quem lê. Solta a tua. Constrói um mundo feliz. Ele
te ajudará a suportar o que há de mau neste.
Flaubert,
em Madame Bovary, descreve “... era
um sentimento puro que não trazia embaraços ao andamento da vida, cultivado por
ser raro e sua perda traria mais sofrimento, do que sua realização,
felicidade”. Esta descrição de um sentimento é um mergulho na fantasia. Deixa
claro que a felicidade pode estar na abstração de uma realidade duvidosa.
Afinal, se realmente
não houver uma fronteira entre sonho e realidade, podemos escolher de que lado
ficar. Se a escolha for para o sonho, mesmo que configure insanidade para os
padrões estabelecidos, como chamar a opção de continuar vivendo no lado chamado
“realidade”?