quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A PESTE

Ratos invadem a Fontana Di Trevi
Publicado no JG Jornal de Gramado em 7/7/2015

“...quem não aprende dos erros do passado está fadado a repeti-los.”
   Revoluções do Século 20.



Sandra Freire
Recentemente o vírus Ebola mostrou mais uma vez sua face. Vem fazendo isso há cerca de 30 anos. O vírus HIV foi isolado há cerca de 31anos. Desde então, ataques terroristas, queda de aviões, o “11 de setembro”, mortes d
e celebridades, têm causado comoção e ocupado a Mídia por vários dias após os acontecidos. Sem falar nos eventos selvagens, ligados às torcidas de futebol. A esses males, acrescentam-se outros igualmente ou até mais virulentos, assemelhando-se a uma teia que lentamente ameaça fechar-se em torno de cegos, surdos e mudos.

O Ebola só vem aumentando o número de vítimas. Na última epidemia, que atingiu ferozmente três países africanos – nos demais atingidos, fez bem menos, porém lamentáveis, vítimas -, deixou, até dezembro de 2014, o número alarmante de 7.693 mortos. Alguns voluntários, de outros países, também foram vitimados por ele. Todos os nomes de estrangeiros foram amplamente divulgados. Resta saber se alguma vítima africana tinha nome.
O HIV, no início, tido como “coisa de homossexual”, também causou  um estrago considerável. Só que, o preconceito que ainda cerca o mal, impede de se saber ao certo quantos, na realidade, foram levados por ele. Talvez a melhor campanha contra o vírus, seja a divulgação das pessoas conhecidas que contraíram a doença. Para o bem e para o mal, visto que, para se vender mais produtos, são usadas celebridades para propagandeá-los.
Podíamos falar de outros males, - no nosso próprio quintal - como a Dengue, que também vem lançando sua malignidade de forma a tirar o sono de quem tem consciência, inclusive com o Aedis – mosquito transmissor – multiplicando seus poderes e inoculando mais dois vírus, menos letais, porém trazendo aos atingidos um desconforto terrível. E mais e mais doenças endêmicas, reincidentes ou recorrentes, mas sempre presentes nas comunidades carentes e algumas se espalhando nas áreas ditas mais nobres.
Inúmeros são os males. E, as causas? E, as providências?
Em 1947, Albert Camus – Nobel de Literatura em 1957-, lançou “A Peste”. No livro, ele alerta para muito mais do que a epidemia em si. Chama a atenção para o descaso, a negativa das autoridades, o comportamento egoísta de uns, o solidário de outros etc. E termina com a falta de memória recente – como se fosse um veda-luz -, da população que se recusa a ver que o mesmo perigo os ronda outra vez.
Todos esses alertas presentes no livro de Camus seriam muito bem aplicados hoje. A cada reincidência de uma doença, - algumas consideradas erradicadas - aumenta o número de vítimas.
O que será realmente “A Peste”?