quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

APÁTRIDAS EMOCIONAIS




“Ninguém nasce em família, país ou lugar que não lhe seja destinado pelo Karma”.
                                                                                                                                                     Buda

Em 2017, emigraram duas vezes mais brasileiros que em 2014. A intenção da maioria é, ou era, imigrar. Mas, faz parte de a nossa cultura a desinformação. Primeiro experimentamos. Se não der certo ,quando muito, lemos as instruções. Não se lê mais que o título de qualquer coisa. Preferimos perguntar, quase sempre, às pessoas erradas.

A insegurança está assustadora. Melhor abandonar o barco que lutar por ele. Afinal, tudo que ele nos deu, como família, amigos, educação, oportunidades e meios financeiros para deixá-lo, não é mais do que obrigação de o Estado para com seus cidadãos.
Desprezamos a corrupção, os políticos, os vizinhos, os chefes etc. Esquecemos que, ao menos uma vez na vida já fomos corrompidos e/ou tentamos corromper alguém. Que os políticos têm sido eleitos e reeleitos pelo povo – e que fazemos parte dele-; os vizinhos também se queixam de nós e por aí vai...

 Sair “disso aqui” e adentrar o paraíso, seja aonde for. O paraíso da vez é Portugal. Sabe-se que lá o idioma oficial é o mesmo que o nosso. Mas, quais as leis que regem os direitos dos imigrantes? Filhos de brasileiros nascidos lá têm os mesmos direitos que os portugueses? E os pais? Se a situação se apresentar, lá se vê...
A situação política de o país é boa? Qual o histórico de seus governantes? A economia vai bem? Seus rendimentos brasileiros vão acompanhar o custo de vida, ora em euros? Trabalhar é fácil? A remuneração é a mesma que a de um nativo? Lembra o caso médio recente de dentistas?

Não há muito com que se preocupar. Afinal não é como nos Estados Unidos, onde aquele nascido ali, ou filho de americano nascido seja aonde for –um dos pais é o suficiente-, é americano; pertence ao país. Ah, na Itália tem semelhanças –só que admite a dupla nacionalidade. Mas pode piorar; na Suíça, dependendo da situação de permanência dos pais no país, são apátridas mesmo! Assunto vasto e complicado.

XENOFOBIA
Em 2013, de acordo com dados do Itamaraty, morreram 112 brasileiros por mês no exterior, sendo o suicídio, causado pela solidão e depressão, uma das causas.  
Segundo uma brasileira que mora na Sicília, Itália, nesta semana, mais duas brasileiras cometeram suicídio. E ressalva “Estamos no outono e os dias sem sol ainda não chegaram”. O frio incomoda, mas a falta de calor (humano) é cruel. “Não temos tantos amigos. (...) É muita diferença para tanta indiferença”.

Mas, que graça teria o paraíso se não existisse o inferno?